O número de mulheres que investem vem crescendo nos últimos 5 anos, mas ainda é inferior aos homens.
Pesquisas mostram que mulheres investem menos do que os homens, mas se preparam melhor para começar seus investimentos, e tendem a escolher opções mais conservadoras.
Mas por que isso acontece?
A psicologia financeira oferece algumas respostas, explicando como fatores emocionais e culturais moldam a relação das mulheres com o dinheiro e influenciam suas decisões de investimento.
Neste artigo, vamos entender os fatores que limitam as mulheres no mundo dos investimentos e como é possível superar essas barreiras para alcançar a independência financeira.
A Relação da Mulher com os Investimentos
Apesar das facilidades existentes atualmente, ainda vemos que, em média, as mulheres investem menos do que os homens, e isso se deve a uma série de fatores históricos e culturais.
Um desses fatores é a cultura patriarcal, que, ao longo do tempo, impediu as mulheres de lidar diretamente com dinheiro, mantendo-as em uma posição de dependência econômica.
Essa privação histórica acabou influenciando profundamente a forma como muitas mulheres se relacionam com o dinheiro e suas finanças.
A Influência da Cultura Patriarcal na Relação das Mulheres com o Dinheiro
A cultura patriarcal, que predominou ao longo de séculos, dividia os papeis de gênero de forma rígida, colocando o homem como responsável pelo sustento da família e a mulher, pelo cuidado do lar e da família.
Esse modelo afetou diretamente o acesso das mulheres à educação financeira, a desenvolver habilidades no manejo do dinheiro, além de impossibilitar a construção de sua independência econômica.
Principais Efeitos da Cultura Patriarcal nas Finanças Femininas
Podemos citar como principais efeitos da cultura patriarcal:
- Dependência econômica: O sistema patriarcal incentivou a dependência financeira das mulheres em relação aos homens, com suas leis proibitivas de acesso ao trabalho restringindo-as às tarefas domésticas.
- Educação financeira restrita: Até poucas décadas atrás, a educação sobre investimentos e finanças era voltada quase exclusivamente para os homens, criando um desequilíbrio no conhecimento financeiro.
- Desigualdade na Acumulação de Patrimônio: Muitas mulheres não tinham o direito de herdar ou adquirir propriedades em seu nome, o que dificultava a criação de um patrimônio próprio.
Esses fatores históricos continuam influenciando a maneira como as mulheres veem o dinheiro, mesmo que de forma inconsciente, e afetam suas decisões financeiras, tornando a independência financeira um desafio mais recente para elas.
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O Impacto das Emoções nas Decisões Financeiras
As mulheres, assim como os homens, são influenciadas por emoções ao tomar decisões financeiras.
O medo, a ansiedade, a culpa e a vergonha são sentimentos comuns que podem levar a comportamentos impulsivos ou evasivos.
Além das emoções, existem muitas crenças que alimentam essas emoções
A psicologia financeira visa compreender como as emoções e pensamentos influenciam o processo decisório e é fundamental para tomar decisões mais racionais e alinhadas com os objetivos financeiros.
Algumas das barreiras psicológicas comuns incluem:
- Medo de Perder Dinheiro: Muitas mulheres optam por opções mais conservadoras, como a poupança, evitando investimentos mais ousados por medo de riscos.
- Insegurança Financeira: Há uma tendência de acreditar que finanças são “assunto complicado” e “coisa de homens”, o que pode gerar insegurança ao investir.
- Busca por Validação Externa: Algumas mulheres sentem que precisam da aprovação de outras pessoas ao tomar decisões financeiras, o que limita suas escolhas de investimento.
Essas barreiras psicológicas podem ser superadas com conscientização e conhecimento, fortalecendo a confiança e a capacidade de tomar decisões financeiras.
- O Medo do Fracasso Financeiro: Do ponto de vista da psicologia financeira, o medo de fracassar financeiramente é um sentimento comum entre as mulheres.
Ele pode levar à procrastinação, à dificuldade em tomar decisões e à manutenção de hábitos financeiros pouco saudáveis.
- A Culpa por Gastar: Muitas mulheres sentem culpa por gastar dinheiro consigo mesmas, mesmo quando têm os recursos disponíveis.
Essa culpa pode ter raízes em mensagens sociais que associam o consumo feminino à superficialidade e à futilidade, podendo até mesmo gerar vergonha.
- Baixa tolerância ao risco: De forma geral, mulheres tendem a ser mais conservadoras.
Esse comportamento pode ser uma estratégia de autopreservação e segurança financeira, mas também pode significar menor rentabilidade a longo prazo.
Em situações onde o risco calculado é necessário, essa aversão pode limitar o crescimento dos investimentos.
- Visão de longo prazo: As mulheres costumam adotar uma abordagem mais cautelosa e focada no longo prazo, o que, embora beneficie a estabilidade, pode levar a uma menor diversificação dos investimentos.
Muitas vezes, essa perspectiva reflete a importância que elas atribuem à segurança financeira de suas famílias e à estabilidade para o futuro.
Esses traços revelam como a relação com o dinheiro e os investimentos é fortemente influenciada por fatores emocionais e sociais, e não apenas racionais.
O Que Diz a Psicologia Financeira?
Uma das vias possíveis para entender o porquê mulheres investem menos do que homens pode ser através da psicologia financeira.
Uma das explicações é a de que nossa relação com o dinheiro não se trata apenas de números, mas de entender porque tomamos determinadas atitudes em relação ao dinheiro com base nas emoções e pensamentos.
Fatores como a criação, os modelos sociais e as influências culturais desempenham um papel importante nas emoções e nas crenças que determina a relação com o dinheiro e consequentemente com os investimentos.
Como a Psicologia Financeira Impacta a Vida das Mulheres
Para a psicologia financeira, a relação com o dinheiro está repleta de complexidade e influências externas.
As normas sociais de décadas passadas impactaram as crenças sobre o que é “adequado” para uma mulher em termos de finanças, como o estereótipo de que homens devem ser responsáveis pela provisão financeira, enquanto as mulheres cuidam dos gastos da casa.
Esses fatores ainda refletem na autoconfiança e nas escolhas das mulheres quando se trata de investir.
A Importância da Autoconfiança
A autoconfiança está diretamente relacionada à confiança em nossas habilidades para lidar com o dinheiro.
Mulheres com autoconfiança tendem a ser mais assertivas em negociações, a tomar decisões mais conscientes e a alcançar seus objetivos financeiros com mais facilidade.
Autoconfiança e Tomada de Decisões Financeiras
Em muitos casos, as mulheres são menos confiantes em suas habilidades financeiras, o que pode ser resultado de fatores culturais e de uma educação financeira insuficiente.
- Influência do ambiente social: Em muitos contextos, a criação e o ambiente social influenciam na percepção das mulheres sobre suas próprias capacidades financeiras.
Essa falta de confiança, por sua vez, pode afetar a tomada de decisões e a disposição para investir.
- Necessidade de validação: A autoconfiança feminina nas finanças muitas vezes está associada à validação externa, como opiniões de familiares ou parceiros.
Esse fenômeno pode ser positivo para verificar informações, mas também pode representar uma barreira para que as mulheres tomem decisões mais autônomas e confiantes.
A abordagem psicológica é essencial para entender a complexidade das decisões financeiras femininas e criar estratégias que fortaleçam a confiança e promovam a participação ativa das mulheres no mercado financeiro.
Construindo uma Vida Financeira Saudável e Tranquila
Para a construção de uma nova vida financeira, com segurança para investir é fundamental desmistificar as crenças limitantes em torno do dinheiro e buscar por conhecimento através a educação financeira.
Desmistificar crenças em torno do dinheiro
Desenvolver uma relação saudável com o dinheiro começa pela desconstrução de crenças que distorcem a forma como concebemos e lidamos com o dinheiro.
De um lado, existe a ideia de que “dinheiro traz felicidade”, o que leva muitas pessoas a uma busca sem fim por acumulação, associando a posse de bens materiais e grandes quantias de dinheiro a um ideal de satisfação plena.
Embora o dinheiro possa oferecer conforto e segurança, ele não garante a felicidade, pois outros aspectos da vida, como bem-estar emocional e qualidade nas relações, são igualmente importantes.
Essa crença distorce nossa relação com o dinheiro, tornando-o um fim em si mesmo e não um meio para realizar projetos e promover equilíbrio.
No extremo oposto, há a crença de que “dinheiro é a raiz de todos os males”.
Esse pensamento cria uma barreira mental que afasta muitas pessoas da educação financeira, perpetuando a ideia de que o dinheiro é algo negativo, levando muitas pessoas a sentirem culpa ou desconforto ao desejarem uma vida financeira melhor.
E também, impede a busca por oportunidades e o crescimento financeiro saudável, já que o dinheiro é visto como algo que corrompe.
Essa crença desencoraja o aprendizado e o desenvolvimento de habilidades financeiras, como planejamento e investimento, que podem, sim, transformar a realidade de muitas pessoas.
Ao reconhecer e abandonar essas crenças, passamos a ver o dinheiro com mais equilíbrio, como uma ferramenta que possibilita a realização de sonhos e objetivos sem ser um fardo ou uma ilusão de felicidade.
Um Novo Capítulo na História Financeira das Mulheres
A jornada da mulher em busca da independência financeira está em constante evolução.
Ao compreender os aspectos psicológicos que influenciam suas decisões e ao buscar conhecimento e apoio, as mulheres podem construir uma relação mais saudável e positiva com o dinheiro.
A jornada financeira é única para cada mulher. Ao celebrar suas conquistas e aprender com seus desafios, as mulheres podem construir um futuro financeiro mais próspero e realizar todos os seus sonhos.
Recursos e Ferramentas para Mulheres que Querem Melhorar sua Educação Financeira
Para mulheres que desejam investir em sua educação financeira e iniciar no mundo dos investimentos, aqui estão alguns recursos recomendados:
Cursos online
Introdução ao Investimento: ideal para quem quer aprender o básico sobre como investir com segurança, aprender a complexidade das decisões financeiras femininas e criar estratégias que fortaleçam a confiança e promovam a participação ativa das mulheres no mercado financeiro.
Livros:
“O Poder do Hábito”, de Charles Duhigg – ensina como criar e manter hábitos financeiros saudáveis.
“Mulheres que Correm com os Lobos”, de Clarissa Pinkola Estés – uma obra inspiradora sobre a força e o poder feminino.
Blogs e Canais de Educação Financeira:
Vida de Investidora – conteúdos focados na independência financeira feminina.
Me Poupe! – um dos maiores blogs de finanças no Brasil, com conteúdos acessíveis e educativos.
Cursos Online:
Fundamentos de Educação Financeira: disponível em plataformas como Coursera e Sebrae, com módulos gratuitos para iniciantes.
Conclusão: Rumo à Independência Financeira Feminina
As mulheres estão cada vez mais adentrando o mundo dos investimentos, mas ainda investem menos do que os homens.
A relação das mulheres com o dinheiro ainda é marcada por desafios emocionais, culturais e históricos.
Existem ainda barreiras a serem superadas.
A busca por conhecimentos adequados é o caminho para as mulheres superarem as dificuldades impostas pelo sistema patriarcal e conquistarem sua independência financeira.
O caminho para essa liberdade começa com o autoconhecimento, o aprendizado contínuo e a confiança para investir.